quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Quando penso em amores
penso em suas juras
penso em meu amor
sem promessas
sem euteamos
Só o silêncio
de quem ama
pode ser ouvido
nas muitas palavras
o sentimento se perde
Meu amor me ama
um amor calado
um amor sem juras
um amor amado

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Carta 7

“Fujo para longe de ti, evitando-te como a um inimigo, mas incessantemente te procuro em meu pensamento. Trago tua imagem em minha memória e assim me traio e contradigo, eu te odeio, eu te amo"

Carta de Abelardo a Heloísa.

Sete...o número da perfeição divina. Meu amor busca a perfeição, harmonia total...ou apenas sublimação. Busco qualquer coisa que me eleve o espírito, distancie-me da carne, esta carne mortal que só deseja morrer em ti, devorar-te, consumir-te...

O espírito, este é puro, anseia acalmar a carne, subjugar seus desejos, suavizá-los, acalmá-los, extingui-los...mas não sou só espírito, não sou só carne...sou tudo, sou nada...estou em ti, longe de ti, contigo e só.

Paciência é uma virtude que não possuo, não na carne, só no espírito...meu corpo respira você, suplica por ti...cada milímetro de pele recorda o doce e quente toque da tua pele...que seja bendita essa necessidade de ti, purificada pela alma...eternizada na pele...

Todos os meus fantasmas me atormentam nestas noites solitárias...amores passados, recriados, renovados em ti. És tudo o que sou, tudo o que tu és em um só ser...és fruto do meu imaginário, construído cautelosamente.

Assim, me refaço, desfaço abismos, uno meu corpo a tua alma, minha alma ao teu corpo...assim plenificados, explodimos num amar inigualável...fundimo-nos, tornamo-nos um.

E essa parte de mim que vai a ti, encontra tua parte que vem a mim, cruzam-se e trocam de morada: habito em ti e tu em mim...somos nós parte de um todo: nossa paixão.

Avassaladora paixão a nossa...transforma, destrói, deixa vestígios indeléveis...

Calorosamente,

A sua.

sábado, 4 de outubro de 2008

Carta 6


Ainda penso em ti, esperando ou não...mas o pensar modificou-se...tua ausência que antes alimentava o desejo, agora alimenta as dores da alma...temo não sentir nada mais além de tristeza por ti...parece que meu coração pulsa num ritmo inverso, e quase não posso senti-lo.

Socorre-me, imploro, preciso deste pulsar, desta vibração, estou quase a ponto de não sentir nada...meu desejo por ti se mantém como a luz num espelho: puro reflexo. Preciso desta luz, preciso desesperadamente de tudo o que me fazes sentir quando estou contigo.

Turbilhão de sentimentos...tua presença sempre causa um turbilhão de sentimentos...saber que há em ti vida além da minha vida, desejar ser parte deste todo que te cerca...

Sei que não deveria continuar a escrever-te, mas não posso conter o desejo de revelar-me a ti. Conheces bem meu corpo, sabes o que lhe agrada, já percorrestes muitos dos caminhos traçados em minha pele...possuíste-me por inteiro e, ainda sinto-me possuída por ti. Minha alma a ti se revela em cada palavra que escrevo e estas nunca serão o bastante.

E, a cada dia, sinto crescer e fortificar este sentimento avassalador, que enfraquece minha mente...não há lógica no que sinto, só um constante arder...ter-te para mim, fará com que torne a mais bela criatura e, num reflexo para mim, tu serás cada vez mais tal qual o sábio rei para sua amada camponesa: o mais belo e totalmente desejável.

Sim, não há alguém mais desejável para mim...tu te tornaste parte de mim e, continuo a escrever-te para conservar a vida desta minha parte...se o sentimento se vai, morro em parte com ele...pertenço a ti, estou aos teus pés. E, assim prostrado, reconheço ser eu tua vida e, nunca mais amarás alguém sem pensar em mim...estarei em tudo e em todos ao teu redor.

Loucuras de minha mente estes devaneios de amor...depois de ter você, sou muito mais eu!

Lamentavelmente,

A Sua.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Carta 5


A você, que separou-me de mim!



“É certo que quanto maior é a causa da dor, maior se faz a necessidade de para ela encontrar consolo, e este ninguém pode me dar além de ti. Tu és a causa de minha pena, e só tu podes me proporcionar conforto. Só tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo.”

Carta de Heloísa a Abelardo





Sei que o diálogo escrito não é comum em nosso século, mas sou assim: de outras eras, com outros sonhos. Sei que talvez minhas palavras não cheguem a você, mas ainda assim preciso escrever como um alento para minha alma.

Talvez eu seja precipitada, dramática, pueril...não sei...a única coisa da qual estou certa é que está difícil não pensar em você, não querer estar contigo. É um erro, eu sei. Meu maior erro e meu maior desejo.

Não te quero corpo, te quero inteiro. Nesta minha noite solitária anelo estar aconchegada em teus braços, deitar em teu peito, sentir-me amparada...preciso me sentir protegida, apaziguada.

Algumas noites apenas... algumas horas... e você: estou absolutamente presa às minhas memórias... ver-te é sempre bom. Cada vez que saio, visto-me da esperança de te ver e sentir-me tranqüila...longe de ti sou qualquer coisa de desagradável, preciso de você, preciso dessa paz, do que pode ser muito mais que prazer carnal...

Seria bom se você deixasse que eu me sentisse sua...já sou tua, embora você não saiba: não entreguei meu corpo só, a esmo, minh’alma foi junto, não está mais comigo, quer morar em ti.

Essa sentimentalidade exacerbada pode lhe soar estranha, mas sou assim: exagerada no meu prazer. Gostaria de acreditar que ainda é possível uma nova aproximação. Vamos nos refazer, nos permitir, acreditar que é possível mais uma vez.

Eu ainda acredito que algum dia, você e eu, nós, podemos “acontecer” um ao outro. Enquanto isso, espero.

Devotamente,

A Sua.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Carta 4


Meu coração despedaçou-se...e cada parte no qual ele se tornou há uma parte de ti. Tu tens habitado em mim desde que partistes...minha’alma partiu do meu corpo e foi habitar em ti...vejo teus olhos, que são parte dos meus, em todos os lugares, ouça a tua voz em qualquer canção e, quase posso sentir o toque suave de tuas mãos ao tocar meu corpo.

Preciso te esquecer...mas não é fácil não pensar em ti. Preciso é de ti ao meu lado, do teu corpo, teu calor. Difícil é não pensar em ti...quero amar-te por inteiro: teu corpo, tua alma, tua mente e coração. Sinto que sofro, se é que te amo.

Insisto em dizer que não te amo, ainda. E, esperar por este amor que ainda não é amor, torna-se uma espera cruel...não sei o que esperar...mas mesmo assim, espero algo de ti...e é cruel este amor que não é amor, esta espera que não se sabe porque.

Se ao menos tu me afastasse por completo...se não permitisses a espera, eu não estaria a sofrer...poupa-me da minha dor e dizes que não me queres, que não me desejas! Não me faça esperar mais...dizes que não há o que esperar, que nada há que nos una...pois, se confessares que sentes minha falta, que igualmente sofres por não estar comigo, por não me amar...sofrerei ainda mais por saber que tua alma também se entristece por esta espera.

Acaba com esta dor constante, dilacerante...não me faças mais esperar...vem a mim, alimenta-me do teu amor, aquece-me com teus beijos, conforta-me com tua voz e teus sorrisos...

Se não podes vir, peço-te, esquece-me e não mais me faças esperar, pelo que quer que seja.

Suplicantemente,

A Sua.

segunda-feira, 23 de junho de 2008


Esta é a terceira carta que te escrevo sem ao menos enviar as duas primeiras. Meu sentimento é de urgência...preciso escrever...não posso simplesmente falar do que sinto, as palavras se perderiam no vento...é preciso registrá-las, eternizá-las...a palavra escrita tem este poder: é imortal. Não posso dizer o mesmo do que despertastes em mim, não sei até quando durará...mas tal sentimento estará eternizado nestas cartas...despertas assim em mim o divino, o eterno!

Despertar, alvorecer...minh’alma que jazia na escuridão atroz vê, aos poucos, raiar o dia...o dia em que viverei plenamente meus anseios...mas o dia tem findado, o sol se posto...e eis que a escuridão permeia minh’alma mais uma vez.

Mas há uma luz...sempre há uma luz...mesmo em noites escuras a lua reflete os raios do sol e as estrelas longínquas enfeitam os céus. Assim é quando penso em ti: tua lembrança é lua que ilumina minha noite; tuas palavras, agora distantes, estrelas que ornamentam meus pensamentos.

Porém noites solitárias são sempre tristes, por mais iluminadas que estejam...estou triste...sou a noite...e és tu que me faz triste, meu amor! Como é triste desejar tua presença sabendo que tu não podes estar ao meu lado...sei que de mim sentes saudades, tu me dissestes...inda assim não podes alegrar esta noite. Não te sintas culpado ou constrangido por minha tristeza. É ela que me permite pensar em ti...tristeza maior seria nunca ter tido o prazer da tua companhia...

Sei que não estás bem...teus olhos me disseram isto quando nos vimos pela última vez. Sorristes, mas teu sorriso foi triste...o mais triste que já vi! Queria poder cuidar de ti, amparar-te em meus braços, chorar tuas tristezas por ti...se comigo estivestes, estarias feliz! Sorririas com os olhos, com o corpo, com a vida! Seríamos felizes, tu o sabes.

Ouvir tua voz é o que mais quero agora. ouvir-te dizer que sentes minha falta e que gostarias de estar em meus braços...e só em recordar o dia em que estive amparada em teu abraço e em meu olhar pousou o teu olhar intenso, profundo...o desejo, a saudade, a tristeza, a dor e o prazer aumentam.

Suplicante, peço-te que voltes para mim, não esqueças deste amor, sintas a mesma saudade e a mesma dor que sinto.

Docemente,

A Sua.

quarta-feira, 28 de maio de 2008


Sei que talvez posso vir a te incomodar com minhas cartas. Não te preocupes. Não me preocupo se tu as lê ou se escreverás. Quero apenas escrever. Cada palavra, cada frase, carrega uma parte de mim, extensão do meu eu...e sinto-me em teus braços ao imaginar que tens este papel nas mãos...tens assim meu corpo, minha alma...estou em tuas mãos. E essa condição de entregue, pertencente, rendida, me enternece profundamente e não posso conceber minha vida sem que ela esteja em tuas mãos...

Estive pensando em teus pensamentos, se deles faço parte...e acredito realmente que pensas em mim, mesmo que não constantemente. Mas não me importa o que pensas! Eu penso em ti diariamente...uns dias mais que outros. Gosto de pensar em ti quando chove...gosto da chuva...é de uma melancolia incrível um dia chuvoso. E assim, melancólica, me isolo. Sou então uma ostra no mais profundo mar...solitária, guardando em mim algo de extremo valor, uma pérola: o que sinto por ti. Também gosto de pensar em ti quando brilha o sol, me lembra teu sorriso: irradia luz. Me lembra teu abraço: aquece, às vezes até demais. E, como temos muito mais dias de sol brilhante que de ternas chuvas, vivo num constate arder por ti.

Não temo o que possas pensar de mim...se confesso que meu corpo arde ao pensar em ti e disto não me envergonho, é porque não me importo com o que possas pensar...só não quero saber que não pensas em mim. Se fores egoísta, assim como sou, sei que pensarás em mim, pois não esquecerás um corpo que desejas. E disto sei, porque teu corpo confessou teus segredos ao meu corpo. Os corpos conversam coisas que vão além das palavras...nossos corpos conversaram e se entenderam. Os corpos também se entendem...diálogo profundo o dos nossos corpos...ainda que distantes, conversam e nos dizem o quanto precisam um do outro.

Só te peço que escute o que teu corpo diz, permita a ele conversar com o corpo que lhe entende e assim, talvez, eu possa ser tua, tu possas ser meu.

Quem sabe um dia tu me amarás e eu a ti. Quem sabe um dia dormirei ouvindo tua voz e acordarás com a minha...quem sabe?! E essa incerteza é o que machuca, mas é também o que consola.

Devotamente,

A Sua.